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sexta-feira, 8 de abril de 2011

FAZER DO LIMÃO LIMONADA

“Deixai vir a mim os pequeninos e não os embaraceis (...)” (Lc 18.16).

Na quinta-feira, 7 de abril, a notícia de um massacre sem precedentes na história brasileira, ocorrido em uma escola municipal no Realengo, zona oeste do Rio de Janeiro, é rapidamente espalhada pelo mundo. Wellington Menezes de Oliveira, 23 anos, armado com dois revolveres e farta munição, se apresenta como ex-aluno, entra em pelo menos duas salas de aula, faz uns 60 disparos e mata 12 crianças – 10 meninas e 2 meninos. Uma guarnição da PM  há alguns metros da escola é avisada e rapidamente chega ao local. Encontra o atirador, que depois de ser baleado por um sargento, atirou contra a própria cabeça, segundo a PM.

Nesse dia minha esposa fora me buscar no trabalho para almoçar. Disse-me que ouvira no rádio a notícia de que uma escola no Rio de Janeiro tinha sido invadida por um atirador que assassinara várias crianças. Pelo tom da voz percebi que ela ficara impressionada. Achei que era exagero. Almocei e fui ver o noticiário na TV. Percebi que o acontecimento era, de fato, gravíssimo. Imagens do ataque se repetindo, crianças ensangüentadas, pais desesperados, depoimentos consternados. Pronunciamento do governador e do prefeito exaltando o sargento que interrompera um massacre que poderia ter sido bem maior. Visita do Secretário da Saúde, da ministra da Secretaria dos Direitos Humanos e da secretária nacional dos Direitos da Criança e dos Adolescentes.  Discurso da presidenta Dilma Rousseff que se emociona ao propor uma homenagem aos brasileirinhos que foram retirados cedo da vida. Tudo isso revela que o país fora pego de surpresa. O Brasil não está acostumado com crimes dessa natureza acontecendo em seu território.

Depois do impacto começaram as perguntas sobre as motivações e sobre o perfil do atirador. Filho de uma mulher com problemas mentais. É adotado. Mãe adotiva morre. Vai morar sozinho. É introvertido, tímido, não tem amigos e nunca namorou. Sente-se rejeitado e humilhado pelas meninas. Passa horas e horas na internet. Fala coisas desconexas. Demonstra admiração pelos homens que atacaram as torres gêmeas nos EUA. Perfil psicótico de uma criança que durante sua formação acumulou rejeição e humilhação. Na juventude surta a ponto de cometer uma barbárie.

Na carta deixada pelo atirador não há motivo para relacioná-lo a algum fundamentalismo religioso. Certamente, durante muito tempo vamos discutir e  analisar esse caso sem conseguir decifrá-lo. “Se a vida te der um limão, faça dele uma limonada” diz a sabedoria popular. O massacre do Realengo é o limão dado ao Brasil. Com a graça de Deus, precisamos fazer dele uma limonada. Para isso temos que obedecer ao ensino de Jesus e refletir sobre o que pretendemos fazer com nossas crianças e adolescentes. Essa tragédia tem que levar-nos a cuidar melhor delas, dando um suporte familiar e educacional que garanta uma formação cidadã muito bem fundamentada. Deve levar-nos a ensiná-las, com palavras e exemplos, o valor do respeito e amor ao próximo.

Soli Deo Glória
Rev. Ezequiel Luz

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