MEUS PARCEIROS

sábado, 30 de outubro de 2010

A REFORMA E O HALLOWEEN

“A justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé” (Rm 1.17)

 Muita gente torce o nariz quando houve falar no Halloween. Os motivos são os mais diversos. Alguns por entendê-lo como manifestação cultural importada. Outros por questões espirituais, por verem na festa elementos anticristãos e demoníacos. Mas importada ou demoníaca a festa é celebrada em boa parte do mundo no dia 31 de outubro, mesmo dia da Reforma Protestante.

Segundo alguns, a origem do nome halloween vem de hallow evening, que significa noite sagrada. A celebração surgiu por volta dos anos 800 a.c. entre o povo celta. Eles acreditavam que no último dia do verão (31 de outubro), os espíritos saiam dos cemitérios para tomar posse dos corpos dos vivos. Para assustá-los colocavam nas casas caveiras, ossos decorados, abóboras enfeitadas e iluminadas. Durante a Idade Média, por ser uma festa pagã, recebeu o nome de Dia das Bruxas e os seus adeptos eram perseguidos e condenados a fogueira pela inquisição. A Igreja então criou o Dia de Finados, em 2 de novembro, com o objetivo de diminuir as influências pagãs e cristianizar a festa.

A mesma Igreja que na Idade Média perseguia os adeptos do halloweem cresceu em meio as perseguições e provocações do império Romano. Quando o imperador Constantino se converteu, a igreja passou rapidamente de perseguida a protegida; de pobre a muito rica; de minoritária a majoritária. Com o correr dos anos, a Igreja inicialmente fundamentada nos ensinos de Jesus e de seus apóstolos, foi mudando muitas doutrinas e práticas religiosas originais.

Mas na Idade Média, com a construção da Basílica de São Pedro em Roma, chegou-se a um nível insuportável. Para angariar fundos para a obra, a Igreja criou um documento que, assinado pelo papa Leão X, garantia o perdão dos pecados e um lote no céu. Era comercializado com o nome de indulgência. Até mesmo aqueles que já haviam morrido, podiam receber a absolvição de seus pecados, através das indulgências compradas pelos seus entes queridos vivos. No dia 31 de outubro de 1517, o monge agostiniano Martinho Lutero fixou 95 teses na porta da igreja do castelo de Wittemberg, na Alemanha. Era um protesto contra a venda de indulgências promovida pela Igreja de Roma. Lutero não queria promover um cisma, mas sim que a Igreja retornasse as doutrinas e práticas dos cristãos primitivos. Seu ato iniciou um movimento que recuperou doutrinas importantes como a salvação somente pela fé, devolveu a Bíblia ao povo e destrancou a porta que dificultava o relacionamento do homem com Deus.

Hoje ao comemorar mais um Dia da Reforma, tendo como contraponto o Halloween, deve-se perguntar: Será que a pratica espiritual de hoje não se parece com o halloween dos celtas? Será que a Igreja atual não está cometendo o mesmo pecado da Igreja do século XVI? Não se vende mais indulgência como garantia do perdão dos pecados, mas sim promessas de bênçãos e prosperidade material. Também amuletos, como água do rio Jordão, terra da Palestina, óleo ungido de Jerusalém, são vendidos para afastar os espíritos malignos, a inveja, o mau-olhado e atrair a benção de Deus.

Enquanto presenciamos a comercialização e a “haloweenização” da fé cristã a pregação e os ensinamentos das verdades Bíblicas são deixados de lado.  Precisamos urgentemente orar suplicando que novos Luteros se levantem para promover uma nova reforma na Igreja do século XXI.

Soli Deo Gloria
Rev. Ezequiel Luz

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

TAMBÉM SOU CATÓLICO

“(...) e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra” (Atos 1.8b)



Por ocasião dos funerais do Papa João Paulo II, Dom Cláudio Hummes, na época arcebispo de São Paulo, e Dom Eusébio Scheid do Rio de Janeiro, protagonizaram uma polêmica muito interessante sobre a catolicidade do presidente Lula. Scheid dizia que o presidente é "mais caótico que católico". Hummes rebateu afirmando que Lula é "um católico como todos os outros católicos do Brasil" e que o presidente "tem comungado mais vezes" com ele. Depois o arcebispo do Rio recuou, dizendo que Lula não é "suficientemente católico".

Hoje está acontecendo algo parecido em relação aos presidenciáveis. A ISTOÉ desta semana publicou uma capa com “duas caras” de José Serra e mostrando algumas de suas contradições. O mesmo foi feito pela VEJA, duas semanas atrás, com “duas caras” de Dilma na capa. Serra já provocou a ira dos católicos quando Ministro da Saúde, por ter assinado documento favorável ao aborto, por ter distribuído camisinhas a população e ter convidado monges budistas para purificar o escritório político no Edifício Joelma. Nestas eleições o candidato se diz católico tradicional. Dilma deu entrevista favorável ao aborto, mudou de opinião e durante a campanha do primeiro turno não deixou transparecer qualquer tendência religiosa. Agora aparece em missa fazendo o sinal da cruz e se dizendo católica.

Realmente é difícil definir a religião dos dois candidatos à presidência da república. Assim como também é difícil definir qual é a religião do brasileiro. A grande maioria se diz católica porque foi batizada na Igreja Católica Apostólica Romana. Entretanto, muitos frequentam um terreiro de candomblé ali, um centro espírita lá, outro culto acolá, e continuam católicos. E para por mais lenha nessa fogueira, declaro que sou protestante, calvinista, presbiteriano e também católico.

Minha fé, que está fundamentada nas Escrituras, me permite a aceitar o Credo Apostólico como síntese das principais doutrinas do cristianismo, inclusive a afirmação “creio na santa igreja católica”. Também me permite concordar com o Credo Niceno que afirma: “Creio na Igreja una, santa, católica e apostólica. São quatro adjetivos que descrevem as marcas distintivas da verdadeira Igreja de Cristo. Una porque só existe uma Igreja de Cristo. Santa porque serve a Deus no mundo. Não é perfeita, sem pecado, mas separada do mundo se esforça para refletir, através do serviço aos homens, a santidade de Cristo. Católica porque reúne todos os cristãos verdadeiros de todos os tempos, de todas as comunidades, de todas as nações e de todos os lugares. Não se limita á um tempo, lugar, raça ou cultura. Ela é universal e esse é o significado do termo católico. Apostólica porque se fundamenta no testemunho, doutrina e ensino dos apóstolos. Jesus é a pedra angular, principal desse fundamento.

O problema é que o termo católico é usado para nominar apenas um ramo do cristianismo. Mas mesmo pertencendo a outro ramo do cristianismo posso dizer que sou católico, apostólico, mas não romano. 



Soli Deo Gloria
Rev. Ezequiel Luz

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

OPERAÇÃO RESGATE INACABADA

“Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Marcos 10.45)

 Estupendo! Sensacional! Magnífico! Emocionante! Creio que se juntássemos a força de todos os adjetivos de nossa língua, ainda seria insuficiente para descrever a operação de resgate dos 33 mineiros que estiveram confinados desde 5 de agosto na mina de cobre San José, em Copiapó, no Chile. A operação começou às 23h18 da terça-feira, dia 12, com o envio do primeiro socorrista e terminou às 21h55 de quarta-feira, dia13, com a saída do último mineiro resgatado. Foram quase 24 horas marcadas por momentos emocionantes. Entre gritos de felicidade, aplausos e festejos, os homens que estiveram 69 dias isolados na mina emergiam à superfície, um de cada vez, na cápsula Fênix, depois de percorrerem 622 metros num túnel escavado na rocha sólida para esse fim. A cada mineiro resgatado a equipe de socorro e os familiares emocionados comemoravam muito.


O segundo mineiro a ser resgatado, o eletricista Mario Sepúlveda, disse: “Estive com Deus e estive com o diabo. Os dois brigaram por mim, e Deus venceu". Talvez sem perceber, o eletricista traduziu o grande interesse de Deus pelo ser humano.  Assim como o governo chileno não desistiu dos mineiros de San José e fez tudo o que podia para resgatá-los, Deus também não desistiu dos seres humanos. A Bíblia de Genesis a Apocalipse revela um Deus missionário. Um Deus que vai ao encontro do homem.  Um Deus que envia Jesus como socorrista. Um Deus que doa a própria vida para salvar o homem, para resgatá-lo da escuridão do pecado e da morte eterna.

Desde o dia 5 de agosto, quando a estrutura da mina cedeu deixando os 33 mineiros presos, as autoridades da área de mineração mantinham a esperança de que eles tivessem encontrado um abrigo onde teria oxigênio e comida estocada. No dia 22 de agosto uma perfuradora alcança o abrigo onde estavam os mineiros e conseguiram estabelecer contato com eles. A partir desse momento eles recebem mensagens de esperança vindas de toda equipe.  Deus também envia aos homens sua mensagem. As Boas Novas do Reino, a mensagem do evangelho marcada pela esperança. Mas as equipes de socorro não ficaram apenas mandando mensagens. Agiram com um esforço fora do comum e produziram o maior resgate na história da mineração. A igreja é a equipe de resgate de Deus. Além da mensagem ela deve reunir todos os esforços e se empenhar com toda a dedicação para alcançar aqueles que estão perdidos na mina escura do pecado e resgatá-los.

A missão do governo chileno de resgatar os mineiros confinados acabou. Mas a Igreja ainda enfrenta o seu grande desafio – a inacabada operação resgate do homem em Cristo Jesus.

Soli Deo Glória
Rev. Ezequiel Luz

terça-feira, 12 de outubro de 2010

ESTILO DE VIDA RADICAL


"Estes que têm transtornado o mundo chegaram também aqui" (Atos 17.6b)

Ao lado de um Brasil promissor, de economia emergente, com lugar destacado entre as futuras grandes potências mundiais, existe outro Brasil, menos promissor que vive sob um manto de problemas sociais graves. Violência, criminalidade, desemprego, desigualdade social, discriminação, falta de escolaridade, são alguns dos problemas crônicos que afetam os pilares da sociedade brasileira, emperram o desenvolvimento econômico e desgastam a imagem do país no Exterior. O Brasil precisa, com urgência, de uma ação social corajosa, firme e determinada com foco na segurança e na qualidade de vida. Sem, contudo, perder de vista o objetivo de oferecer igualdade de oportunidades a todos os brasileiros.

Ao comparar a atual situação do nosso país com situação do mundo onde a Igreja floresceu, percebo um contexto não muito diferente da realidade que vivemos. Na região onde surgiu a democracia, o poder se concentrava cada vez mais nas mãos de poucos e a religião tornava-se personalista com o culto ao imperador. O governo construía cidades, grandes artérias de comunicação, promovia cultura e entretenimento ao povo. A “pax romana” prometia paz, tranqüilidade, liberdade religiosa, desde que não atentasse contra os interesses do estado.

Dentro desse contexto monolítico, o Império Romano começava a dar sinais de desintegração. Vozes discordantes de um povo oprimido se faziam ouvir cada vez mais. Os bárbaros começavam a se mobilizar e mais tarde contribuiriam com a derrocada do Império Romano. Em meio a esse clima de pompa e descontentamento, um grupo de homens e mulheres anunciava ser Jesus o Cristo, o Senhor. Diziam ser necessário que ele morresse e ressuscitasse para concretizar sua missão. Esse grupo, acusado de transtornar o mundo inteiro (At 17.6,7), era chamado “do caminho” e mais tarde veio a ser conhecido como cristão. A mensagem que possuíam não era apenas verbal. Apesar de imperfeitos e de compreensão limitada quanto às implicações da tarefa que haviam recebidos, eles comunicavam ao mundo da época um estilo de vida radicalmente diferente.

Hoje, vivendo um tempo também contraditório, com euforia pelo crescimento econômico e perplexidade diante dos graves problemas sociais, precisamos da coragem dos primeiros cristãos.  Para esse tempo a ordem do Senhor de anunciar as Boas Novas do Reino continua valendo. Obedecê-la é fundamental para a sobrevivência da Igreja. Sendo assim, os cristãos deveriam sentir uma compaixão e uma dor profunda quando o ser humano é vítima da violência, privado de liberdade, educação, saúde, alimentação, moradia. Também deveriam ter o mesmo sentimento quando o ser humano é levado a viver alienado de Deus, por meio da ignorância ou rejeição do evangelho.

Para uma ação evangelística corajosa, a igreja precisa de uma boa base bíblica e teológica, oração incessante e um estilo de vida radical.

Soli Deo gloria
Rev. Ezequiel Luz