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sábado, 4 de julho de 2009

ANJO E CAFETÃO

Não amem o mundo, nem as coisas que há nele. Se vocês amam o mundo, não amam a Deus, o Pai.(1Jo 2.15 NTLH)

Na quinta-feira 25, do mês passado, morreu em Los Angeles Michael Jackson, a maior estrela pop de todos os tempos. Assim que sua morte foi confirmada a mídia se encarregou de publicar uma infinidade de textos e imagens sobre a vida do rei do pop. Nenhum outro artista contemporâneo encarnou, com tanta evidência, o conflito entre público e privado. Não foi apenas durante o período em que se envolveu com acusações de pedofilia. Durante a infância, o cantor viveu a ruptura entre uma rotina de aparições felizes diante das câmeras e uma realidade familiar marcada pela violência e pela exploração.

Nos últimos dias muito se falou sobre Joseph, o pai autoritário. O homem que tentou se dar bem como músico e acabou empresário e feitor dos filhos. Quando um deles arrebentou a corda de sua guitarra tentando tocá-la, percebeu que eles poderiam brilhar, então passou a prepará-los. Se não ensaiassem o suficiente, se não se apresentassem bem, levavam uma surra. Michael, a estrela do grupo, apanhava mais. Dirigia-se aos meninos com xingamentos e só se acalmava quando o Michael começava a cantar e a dançar. O rapaz cantava como um anjo e dançava como um cafetão. Ainda criança fazia shows em prostíbulos, bares e teatros. Quando se deprava com crianças brincando sentia vontade de se juntar ao grupo, mas não podia por causa dos ensaios e dos compromissos.

A maneira como foi criado produziu uma personalidade indefinida. Michael Jackson não tinha uma cor definida. Não tinha uma face definida. Não tinha uma sexualidade definida. Não tinha uma saúde definida. Não era adulto e nem criança. Não era homem e nem mulher. No palco tinha uma energia impressionante, na vida privada uma saúde frágil. Ganhou fama, poder, riqueza, mas perdeu sua identidade em algum lugar dentro do conflito entre a vida pública e a vida pessoal, entre o anjo e o cafetão.

Michael Jackson deixa-nos, além do legado da sua arte, uma lição para a família e para a igreja. A família deve entender que uma liderança que exige dos filhos desempenho perfeito em todas as áreas pode até levá-los ao sucesso na vida profissional. Mas certamente perderão a identidade familiar e viverão sérios conflitos emocionais. A igreja deve entender que deixar-se conduzir pela visão empresarial, adotando práticas produzidas pelos marqueteiros da fé, poderá até levá-la a um grande sucesso, a ter seus templos lotados. Mas perderá sua identidade cristã. A identidade com a Trindade, o Deus relacional.

Portanto, não vale a pena tanto empenho para obter o sucesso que o mundo ama. Quem ama o mundo e o que há no mundo o amor de Deus não está nele. Pense nisso!
Soli Deo Gloria
Rev. Ezequiel Luz

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